OBS: logo colocarei as referências dos mitos.
A ORIGEM DO FOGO
Os
Ticuna, que vivem no Amazonas (Brasil), no Peru e na Colômbia, contam que
antigamente os homens não conheciam nem a mandioca-doce nem o fogo.
Uma
velha aprendeu com as formigas o segredo da mandioca e, seu amigo, um pássaro
noturno, o curiango, lhe fornecia o fogo.
O
pássaro guardava o fogo no bico e o usava para cozinhar a mandioca, ao invés de
aquecê-la no sol ou nas axilas.
Os
homens achavam deliciosos os beijus que a velha fazia e queriam a receita. Ela
dizia que os cozinhava simplesmente com o calor do sol. Mas o pássaro achou
graça da mentira dela e não aguentou: deu uma gargalhada!
Logo
todos viram as chamas saindo de seu bico. Os homens decidiram abrir à força o
bico do pássaro e assim roubaram-lhe o fogo.
É
por causa disso que hoje em dia os curiangos têm um bico grande. Foi a partir
desse dia que os homens puderam usar o fogo para cozinhar!
É
herói Guarani. Em uma época de grande fome, dois guerreiros procuravam algo o
que comer quando se depararam com um enviado de Nhandeiara - o grande espírito.
Este
disse-lhes que a solução para a sua procura inútil seria uma luta de morte
entre os dois.
O
vencido seria sepultado no local em que caísse e logo do seu corpo brotaria uma
planta cujas sementes, replantadas e depois comidas resolveriam para sempre o
problema com alimentação.
Assim
fizeram. Avati, um dos dois, foi morto e de sua cova nasceu a planta de milho.
Tupã,
com a ajuda da deusa Araci, haveria descido à terra em um monte da região do
Aregúa (Paraguai) e deste local, haveria criado tudo que existe (mares,
florestas, animais, etc) e colocado as estrelas no céu.
MITO
DOS PRIMEIROS HUMANOS
Os
primeiros humanos criados por Tupã teriam sido Rupave (O pai dos povos) e
Sypave (a mãe dos povos) e estes teriam dado origem a um grande número de
filhas e a três filhos, chamados Tumé Arandú (o sábio), Marangatu (o líder
generoso) e Japeusá (mentiroso), este último era ladrão e trapaceiro e teria se
matado, porém foi ressuscitado como um caranguejo, e deste então todos os
caranguejos foram amaldiçoados para andar para trás como Japeusá.
MITO
DA CRIAÇÃO DA NOITE
Segundo
este mito, nas aldeias de todo o mundo, era sempre dia, e os indígenas nunca
paravam de caçar, e as mulheres de limpar e cozinhar.
O
sol ia do leste ao oeste e depois fazia o caminho contrário, do oeste ao leste,
sempre sem nunca desaparecer.
Um
dia, porém, quando Tupã havia saído para caçar, um homem tocou no frágil Sol
para saber como funciona, e o Sol se quebrou em mil pedaços.
A
partir de então, as trevas reinaram nas aldeias.
Tupã,
então, inconformado, recriou o Sol, mas este não voltava mais do Oeste para o
Leste, então Tupã criou a Lua e as estrelas para iluminar a noite.
VITÓRIA-RÉGIA (OU
MUMURU)
A
estrela dos lagos Maraí era uma jovem e bela índia, que amava muito a natureza
e tinha o hábito de contemplar chegada da Lua e das estrelas.
Nasceu
nela, então, um forte desejo de se tornar uma estrela. Perguntou ao pai como
surgiam aqueles pontinhos brilhantes no céu e, com grande alegria, soube que
Jacy, a Lua, ouvia os desejos das moças e, ao se esconder atrás das montanhas,
transformava-as em estrelas.
Muitos
dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Maraí resolveu, então,
aguardar a chegada da Lua junto aos peixes do lago. Assim que ela apareceu, Maraí,
encantada com sua imagem refletida na água, foi sendo atraída para dentro do
lago, de onde nunca mais voltou.
A
pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu.
Jacy transformou-a em uma bela planta aquática, que recebeu o nome de
vitória-régia (ou mumuru), a estrela dos lagos.
O
MITO DA MANDIOCA
O
pajé de uma aldeia tem um sonho com uma planta desconhecida, e sabe que é uma
profecia.
Logo
depois, nasce Mani, uma menina de pele branca, como nenhum indígena jamais
tinha visto. A indigenazinha morre misteriosamente e, na terra onde é
enterrada, nasce uma planta, cuja raiz é tão branca quanto a pele da menina.
No
princípio o deus Tupã morava no vazio, numa escuridão sem fim. Primeiro, Tupã
criou o céu e as estrelas, onde fez sua morada e abaixo criou as águas.
Depois,
Tupã desceu lá de cima, em grande redemoinho. Logo que Tupã tocou as águas, o
sol surgiu no arco do céu.
Quando
o sol chegou ao ponto mais alto, seu calor rachou a pele de Tupã. E finalmente,
quando o sol desapareceu do outro lado do céu, a pele de Tupã caiu do corpo
dele, se estendeu sobre as águas e formou as terras.
No
dia seguinte, o sol apareceu no céu e percebeu a mudança. O sol chegou
novamente ao ponto mais alto e Tupã pegou um pouco de barro, amassou e moldou o
primeiro Homem.
Soprou-lhe
o nariz e lhe deu vida. O Homem cresceu e ficou grande como Tupã, mas não
falava. O grande deus soprou em sua boca e começou a falar.
Então,
Tupã soprou na orelha esquerda a inteligência e na orelha direita a sabedoria.
Na
cabeça do Homem, Tupã desenhou os raios e trovões sagrados que são os de
pensamentos.
No
corpo do Homem, Tupã colocou as águas das emoções e dos desejos que se
movimentam para criar ou para destruir. Por fim, Tupã deu ao Homem o poder de
escolher entre criar e destruir.
Terminada
a criação, Tupã voltou para o céu montado em seu redemoinho.
Antigamente,
muito antigamente, no tempo em que vivia entre os Tucuna, o Sol era um moço
forte e muito bonito.
Por
ocasião da festa de Moça-Nova, o rapaz ajudava sua velha tia no preparo da
tinta de urucu.
La
à mata e trazia uma madeira muito vermelha, chamada muirapiranga. Cortava a
lenha para o fogo onde a velha fervia o urucu para pintar os Tucuna.
A
tia do moço era muito mal-humorada, estava sempre a reclamar e a pedir mais
lenha. Um dia o Sol trouxe muita muirapiranga e a velha tia ainda resmungava
insatisfeita.
O
rapaz resolveu então que acabaria com toda aquela trabalheira. Olhou para o
fogo que ardia, soltando longe suas faíscas. Olhou para o urucu borbulhante,
vermelho, quente.
Desejou
beber aquele líquido e pediu permissão à tia que consentiu:
-
Bebe, bebe tudo e logo, disse zangada.
Ela
julgava e desejava que o moço morresse. Mas, à medida que ia bebendo a tintura
quente, o rapaz ia ficando cada vez mais vermelho, tal qual o urucu e a
muirapiranga.
Depois,
subindo para o céu, intrometeu-se entre as nuvens. E passou desde então a
esquentar e a iluminar o mundo.
PIRARUCU
Os
mitos indígenas contam ainda também a história do Pirarucu, um peixe das
águas doces que pode chegar a três metros de cumprimento.
O
mito diz que Pirarucu era um guerreiro das tribos Uaias e um jovem
muito vaidoso.
Apesar
de ser um excelente guerreiro, gostava de se gabar por ser filho do chefe da
aldeia. Ele falava mal dos deuses cultuados por seu povo e quando seu pai saía
da aldeia, fazia mal às pessoas sem motivos.
Certo
dia, o deus Tupã, deus dos deuses, consternado com as atitudes de
Pirarucu, mandou uma tempestade enquanto o jovem pescava.
Todas
as outras pessoas fugiram e o jovem apenas zombou da tempestade. Pirarucu então
caiu no rio onde pescava, o rio Tocantins, e foi transformado no peixe.
Os antigos tomavam água do
cipó, cortavam todos os dias sem parar, eles bebiam com a família.
Os homens e as mulheres
enchiam a cuia grande com a água do cipó no mato e traziam para casa. Os
antigos foram caçar longe, na volta encontraram a tartaruga no mato, ela estava
no barranco alto.
Eles
perguntaram para a tartaruga:
- Você sabe fazer água?
A tartaruga
respondeu:
- Eu sei fazer água.
Aí ela começou
a cavar o chão, porque a tartaruga tinha casco duro e afiado. A tartaruga
enorme falava na língua dos antigos, na mesma língua. Ela foi cavando um buraco
até encontrar água.
A tartaruga foi cavando e
aumentando a água, bem rápido. Eles voltaram do mato para casa e chegaram. Eles
contaram para as pessoas que a tartaruga fez surgir a água e eles acreditaram.
Logo pararam de beber a
água do cipó. Eles ficaram contentes porque a tartaruga fez os rios. A
tartaruga é que origem à água.
Versão de Peranko Panará
MITO
DO GUARANÁ
A
história diz que na aldeia dos Munducurucânia, havia um casal com um único
filho, muito bom e querido por todos. O jovem era a promessa da aldeia.
Acreditava-se que ele se tornaria um grande guerreiro.
Então, Jurupari,
o deus do mal, ficou com inveja do menino e resolveu lhe tirar a vida. Ele se
transformou numa serpente e atacou a criança enquanto este, distraído, colhia
frutas.
Então Tupã,
rei dos deuses, vendo a tristeza da mãe, mandou que os olhos da criança fossem
enterrados. Dali, surgiu o guaranazeiro, cujos fritos tem enorme semelhança com
os olhos humanos.
Há
muitos anos, a Lua e o Sol se apaixonaram. O Sol ficou encantado pela
beleza da Lua e a iluminava de paixão.
A
Lua ficou sonhando com o calor do Sol e chorava baixinho querendo se
aproximar do seu amado. Era um amor bonito que dava gosto de ver, mas eles se
amavam à distância.
O
Sol, então, mandou os passarinhos pedirem a Lua em casamento.
Aquela revoada de pássaros fez um voo fantástico até encontrar a Lua.
Chegaram
e pediram a Lua em casamento numa linda canção.
A
Lua ficou cheia de alegria. O casamento foi marcado e o céu se enfeitou.
As estrelas brilharam ainda mais e as nuvens criaram desenhos
no firmamento. Seria uma festança que duraria um ano inteiro. Mas o mar não
gostou e avisou aos noivos:
-
O casamento de vocês não pode acontecer! Esse encontro vai destruir o
mundo. O amor ardente do Sol vai queimar tudo e a Lua com as suas lágrimas
inundaria toda a Terra.
Por
isso não podem se casar. A Lua apagaria o fogo e o Sol evaporaria a água.
A
Lua não se importou com isso. Queria casar de qualquer jeito. Estava
completamente apaixonada. Mas o Sol ficou com medo. Amava muito a Lua, mas
não queria destruir o mundo. Separaram-se, então, a Lua para um lado e o
Sol para o outro.
Quando
a Lua começava a aparecer no céu, o Sol ia embora. A Lua ainda tentou
convencer o Sol. Mas não deu jeito. E ela tenta até hoje. E é por isso
que, de vez em quando, a Lua e o Sol ficam juntos no céu. Mas aí tudo
escurece e o Sol foge de sua amada.
Na
primeira separação, a Lua chorou todo o dia e toda a noite. Foi então que
as lágrimas correram por cima da Terra até o mar. Mas o mar, que estava
zangado com a Lua, não deixou que as lágrimas se misturassem com as suas
águas.
E,
hoje, o mar ainda tenta acabar com as lágrimas da Lua com um estrondo
forte, que os indígenas chamam de pororoca. As lágrimas da Lua é que deram
origem ao nosso rio Amazonas.
COACYABA
– O MITO DO PRIMEIRO BEIJA-FLOR
Os
indígenas do Amazonas acreditam que as almas dos mortos se transformam em
borboletas. Por este motivo, elas voam de flor em flor, alimentando-se e
fortalecendo-se com o mais puro néctar, para suportarem a longa viagem até o
céu.
Coacyaba,
uma bondosa indiígena, ficara viúva muito cedo, passando a viver exclusivamente
para fazer sua filhinha Guanamby feliz. Todos os dias passeava com a menina
pelas campinas de flores, entre pássaros e borboletas.
Desta
forma pretendia minimizar a falta que o esposo lhe fazia. Mesmo assim,
angustiada, acabou por falecer.
Guanamby
ficou só e seu único consolo era visitar o túmulo da mãe, implorando que esta
também a levasse para o céu. De tanta tristeza e solidão, a criança foi
enfraquecendo cada vez mais e também morreu.
Entretanto,
sua alma não se tornou borboleta, ficando aprisionada dentro de uma flor
próxima à sepultura da mãe, para com isto permanecer a seu lado.
Enquanto
isto, Coacyaba, em forma de borboleta, voava entre as flores, colhendo seu
néctar. Ao aproximar-se da flor onde estava Guanamby, ouviu um choro triste,
que logo reconheceu. Mas como frágil borboleta, não teria forças para libertar
a filhinha.
Pediu
então ao Deus Tupã que fizesse dela um pássaro veloz e ágil, que pudesse levar
a filha para o céu. Tupã atendeu ao pedido, transformando-a num beija-flor,
podendo assim realizar o seu desejo.
Desde
então, quando morre uma criança índia órfã de mãe, sua alma permanece guardada
dentro de uma flor, esperando que a mãe, em forma de beija-flor, venha
buscá-la, para juntas voarem ao céu, onde estarão eternamente.
O
MITO DO BEIJA-FLOR
Existiam
dois povos morando à beira de um rio: um povo maior e um povo menor.
O
povo menor plantava e pescava com muito afinco e, com isso, começou a ter mais
peixe e maior abundância de alimentos. Isso gerou inveja no outro povo, que começou
a hostilizar seus vizinhos, primeiro com palavras, depois com gestos e por fim
declararam guerra àqueles que, mesmo em menor número, eram mais trabalhadores e
eficientes.
Indiferentes
a essas questões, dois jovens se enamoraram, porém cada qual pertencia a um
povo. O rapaz pertencia ao povo menor e a jovem ao ovo maior.
Apesar
da guerra, os dois se encontravam às escondidas, mas um dia os guerreiros do
povo da jovem a seguiram e os encontraram namorando. Depois de espancar o rapaz
e pensando que ele já estivesse morto, levaram a jovem de volta ao povo.
O
Conselho dos Anciãos foi convocado para o julgamento da pobre jovem. A acusação
era de traição, já que os povos estavam em guerra e eles acreditavam que ela
passava segredos para o outro povo.
A
sentença era de morte, mas por ela ser muito jovem e bela, convocaram os xamãs
que resolveram transformá-la numa flor.
O
rapaz, socorrido por seus guerreiros, sobreviveu ao espancamento e, tão logo se
recuperou passou a procurar desesperadamente pela sua amada.
Ele
chamou os anciãos e anunciou que iria até o outro povo em busca de seu amor.
Eles não permitiram tremenda loucura e tentaram, de toda forma, impedi-lo.
Afirmaram
que no seu povo existiam lindas moças que poderiam ser boa esposa e dar-lhe
filhos fortes e saudáveis. O rapaz estava irredutível, e os anciãos, vendo
tamanha decisão e tristeza do jovem, chamaram os xamãs para ajudá-los.
Depois
de muito pensar e sabendo que a jovem amada tinha sido transformada em flor,
decidiram transformá-lo em Beija-Flor.
Segundo o mito, é por isto que o Beija-Flor vai de flor em flor, sempre tentando achar a sua amada.
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