A CRIAÇÃO
A palavra raiz “brih” significa
crescer, aumentar ou expandir e “an” significa produzir então Brahman é o
começo que expande e se torna o universo inteiro.
Brahman é o absoluto, supremo,
impessoal, infinito, eterno, a fonte pré-cósmica da divindade, a causa de todas
as causas, sem começo e sem fim, do qual todo emana e ao qual todo retorna. Ele
não se manifesta mas está presente no maior corpo celestial e em também na
indivisível partícula em todo animado e não-animado. Ele é a razão da
consciência e da substância.
Na literatura védica o Parabrahm é
chamado de “tat” – aquele e tudo que é manifesto é chamado de “idam” – este. A
palavra Brahman mais se aproxima da palavra absoluto. Existe uma diferença
entre “Brahman” e “Parabrahma” – além do Brahman, então tudo aquilo que é além
do absoluto é Parabrahma. Dentro do nosso propósito, no momento nos podemos
desconsiderar esta sutil diferença, assim podendo trocar os nomes com
segurança.
Conforme os textos hindus não existe
um conceito de começoou de fim do universo. Se assim fosse teria uma data
marcada para o começo e outra para o fim do universo. Os textos dizem que o
universo segue um processo contínuo de expansão e retração. Assim, quando o
ciclo começa, o universo começa existir, expande, no fim da expansão começa
retrair e se dissolve para começar tudo de novo. A duração deste ciclo é de
311,04 trilhões de anos que está além da nossa imaginação por isso para
assimilar melhor trataremos o presente ciclo como único.
Antes da criação do universo só
existia o Brahman na forma não-manifesta e mais nada, nem espaço e tempo, nem
sóis e planetas. Por vontade própria, ele se manifestou e sua energia operativa
entrou em ação começando o ciclo da expansão. Na opinião de pesquisadores
contemporâneos este momento corresponde ao momento de grande explosão do “Big
Bang” – a mais recente teoria sobre a criação do universo aceita no Ocidente.
Esta teoria é bastante conhecida no Ocidente, por isso, pode ser usada para
melhor compreensão do assunto, porque não é conflitante com o tema, mas sim
complementar, oferecendo subsídios interessantes quando se trata de valores
metafísicos.
Em sânscrito, o fenômeno Big Bang chama-se
Bindu Visphot, traduzindo literalmente, explosão do ponto.
Nesse momento, liberou-se enorme
quantidade de energia radioativa e vibratória e começaram existir espaço e
tempo. A dinâmica da energia radioativa tinha uma forma típica que foi
denominada na mitologia indiana como “Swastica” e a energia vibratória foi
simbolizada pelo “Om”. Esses símbolos são usados para o bem estar e
prosperidade e podem ser vistos distintamente em todas as cerimonias
auspiciosas.
Assim, começou mais um ciclo de
expansão e retração, que não foi o primeiro nem será o último. Após o fim do
ciclo da expansão haverá retração, quando o universo se dissolverá no Brahman
para regenerar de novo.
A evolução do universo acontece em 14
fases, que são chamadas de Manvantaras, cada uma com a duração de 4,32 bilhões
de anos. Esse período corresponde a um Kalpa ou um dia do Brahma. A vida do
universo é 100 anos ou 36000 dias do Brahma. Um Manvantar é constituído de 71
ciclos menores – Mahayuga, 4,32 milhões de anos, mais um período de inatividade
de 25,92 milhões de anos formam um Manvantar e no fim de cada ciclo existe uma
devastação parcial.
A primeira fase da evolução, chamada
de Svyambhoo Manvantar, foi precedida por uma longa noite de energias
radiativas e vibratórias. Não havia céu, nem terra, nem luz, nem escuridão,
nada além de absoluto silêncio.
Essa noite foi seguida por um
amanhecer com nevoeiro, que formou um grande disco nebular e giratório, dando
origem as primeiras galáxias. Isso aconteceu automaticamente, sem uma razão
ostensiva, por isso essa fase chama-se Svyambhoo – “aquele que nasceu por si.”
O segundo Manvantar foi Svarochisha
que significa próprio brilho. Nesse estágio, começaram a se formar os objetos
com a própria energia, emitindo luz como nossa estrela, o sol.
Durante o terceiro Manvantar –
Uttama, o melhor, o sol que tinha brilho próprio e grande fonte de energia,
atingiu a melhor forma e temperatura para criar e manter sua família de
planetas.
A expansão do universo não pára por
aí e com o tempo, o planeta terra foi abençoado para oferecer condições de
gerar várias formas de vida.
Há várias teorias sobre a evolução do
universo mas, a mais aceita, no mundo ocidental e entre os cientistas, é a
teoria do “Big Bang”. Ela se assemelha com a teoria que foi proposta pelos sábios
indianos nos tempos antigos, quando não haviam equipamentos de medição,
computadores e telescópios, mas os sábios tinham desenvolvido outros sentidos e
métodos de conhecimento. A proposta acima é uma tentativa de conciliação entre
os dois pontos de vistas.
Conforme a opinião dos cientistas, a
base de tudo que existe no universo, desde as galáxias, as estrelas, os sóis,
até o ser humano, a formiga ou a menor partícula existente, é o hidrogênio e
helium, que foi criado nos primeiros 100 segundos após o Big Bang.
Assim, todas as formas de matéria,
que nos vemos no universo e inclusive no nosso planeta, são meramente
diferentes aspectos desses elementos e isto não nos exclui.
Adi Shakti (a energia primordial)
através de seus três principais aspectos – a trindade divina, rege o universo.
1. o Criação por
Brahma
2. o Preservação por
Vishnu
3. o Transmutação por
Shiva
Fundamentalmente os três são unos e
interdependentes, isto é, um não pode existir sem o outro, porque são as
diferentes formas da mesma energia inicial. O mais importante é entender os
atributos, não as formas ou figuras que foram criadas posteriormente pela
imaginação humana.
A “Trindade Divina” é o fundamento do
hinduísmo, todas as outras divindades e deidades são uma ou outra forma aliadas
a ela, por exemplo, Saraswati – deusa da sabedoria é esposa do Brahma; Laxmi –
a deusa da riqueza é a esposa do Vishnu; Ganesh é o filho de Shiva; Rama e
Krishna são encarnações de Vishnu.
O Brahma – o primeiro da trindade
divina, deu o primeiro impulso na criação do universo. Tudo que observamos,
através dos nossos sentidos, é obra dele. Cosmologicamente ele é Hiranya Garbha
– o ovo dourado, a bola de fogo, a partir da qual o universo se desenvolve.
Conforme a mitologia, na forma
personificada ele tem quatro cabeças representando o controle sobre o tempo
(quatro yugas) e espaço universal, a moringa na mão – água da vida, o símbolo
da fertilidade e criação; na outra mão, os quatro Vedas, simbolizando o
conhecimento e a consciência.
O tempo de duração da vida do Brahma,
inclusive da trindade, é idêntico ao ciclo do universo. Durante esse período,
são provocadas varias devastações parciais, que são denominadas como as noites
do Brahma e ao acordar, ele começa o próximo ciclo de vida.
Vishnu, vem da palavra raiz “vis” –
entrar, penetrar, difundir, e é assim, que ele sustenta e preserva o universo,
integrando-se a sociedade. Ele se manifestou na terra através de suas nove
encarnações, demostrando para a humanidade a moral e como viver em harmonia
cósmica. Rama, Krishna e Buddha são consideradas suas três últimas aparições na
terra.
Nas imagens personificadas, ele
aparece com quatro maõs carregando a concha – energias vibratórias, o disco –
chakra – o tempo, gada – o terror dos maus, o lótus – amor e fertilidade.
Também, aparece deitado nas profundas águas em cima da serpente, demostrando a
serenidade, a calma, o ambiente a doméstico, felicidade e o domínio sobre
tempo.
O terceiro aspecto do Trimúrty –
trindade divina, é o Shiva, cuja função é de destruição, como popularmente é
conhecido mas o termo apropriado deve ser regeneração ou transmutação, porque
quando as reformas não proporcionam resultados satisfatórios, o velho deve ser
derrubado para dar espaço a um novo. Shiva, como regenerador, evita e elimina
doenças e como transmutador, eleva o ser aos níveis superiores de consciência.
Foi através dele que os sábios receberam o conhecimento do yoga.
Na sua personificação, ele é descrito
nas várias formas, principalmente sentado na posição de yogi, emanando paz e
tranqüilidade. Os três olhos representam passado, presente e futuro; a lua
crescente, na cabeça, indica o tempo medido pelas fases da lua; a serpente, na
garganta, o tempo em ciclos e a imortalidade espiritual; a garganta dele é
azul, por tomar o veneno para bem da humanidade; o Ganges, saindo da cabeleira
significa a água da vida; o damroo (pequeno tambor), indica energias
vibratórias e o tridente é o terror dos maus elementos.
O FIM
As profecias tradicionais
dos Hindus, tal como são descritas nos Puranas e em vários outros
textos Hindus, dizem que o mundo deverá cair no caos e degradação. Haverá então
um rápido influxo de perversidade, inveja e conflito, e este estado foi
descrito como:
“Quando o
estelionato, letargia, apatia, violência, desânimo, tristeza, desilusão, medo e
superação da pobreza… quando o homem, preenchido com esta conceito, considerar
a si próprio um igual com o Brahma… esta é o Kali Yuga.”
Isto é seguido pela manifestação do
décimo e futuro avatar. Deus deverá manifestar-se como Avatar Kalki. Ele é “retratado como um jovem magnífico
cavalgando num grande cavalo branco com uma espada semelhante a um meteoro
fazendo chover morte e destruição por todos os lados” (Religiões da Índia, em inglês) “A sua vinda
restabelecerá a justiça na terra, e a volta de uma era de pureza e inocência.”(Dicionário do Hinduísmo, em inglês). Avatar Kalki irá
estabelecer a ordem sobre a terra e a mente das pessoas tornar-se-á pura como
um cristal. Como um resultado disto, o Sat ou Krta Yuga (idade
dourada) será restabelecida.
Fonte: http://ahduvido.com.br/a-criacao-e-o-fim-do-mundo-em-diversas-culturas
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