A CRIAÇÃO
Os deuses começaram a habitar
primeiramente em um lugar chamado Takamagahara. Quando chegou a sétima geração
desses deuses, o deus chamado Izanagi, ou o Pai do Céu, e a deusa chamada
Izanami, ou a Mãe da Terra, receberam do Senhor do Céu uma lança e, sobre uma
ponte flutuante do céu (Ama-no-ukihashi), mexeram o mar com essa lança. Das
gotas de sal que caíam e se solidificavam, formou-se uma ilha chamada de
Onokoro. Os dois desceram até a ilha, escolheram a coluna celeste e construíram
um palácio.
Izanami deu uma volta na coluna
celeste e, ao ver Izanagi, falou: “Que homem bonito!”. A seguir, Izanagi disse:
“Que mulher bonita!”. E assim os dois se tornaram um corpo só e começaram a
criar outras ilhas. Porém, quando olharam para elas, perceberam que não estavam
muito boas. Então, voltaram ao céu para consultar os outros deuses. Eles
explicaram aos dois que não é bom que uma mulher dite as primeiras palavras.
Assim, o casal retornou ao palácio e, dessa vez, foi Izanagi quem dirigiu as
primeiras palavras à Izanami. Unidos dessa forma, começaram a nascer belas
ilhas, uma após a outra. Primeiro nasceu a ilha de Awaji, depois a de Shikoku,
em seguida a de Honshu e as demais, totalizando oito ilhas. Além delas, Izanami
procriou o Deus da Montanha, do Mar, do Vento, e mais 35 deuses. Ao dar à luz
ao seu último deus, o Deus do Fogo, morreu queimada.
Não conseguindo esquecer Izanami,
Izanagi vai até o mundo dos mortos para encontrá-la. Izanami fica feliz e
deseja muito retornar à Terra, mas pede a Izanagi para não olhá-la até que o
Deus da Morte lhe dê permissão para retornar. Ansioso demais para revê-la,
Izanagi quebra a promessa e acaba olhando para sua amada. Qual não foi o seu
susto! O corpo dela estava coberto de vermes e com oito tipos de trovão.
Assustado, Izanagi começa a fugir. A mulher tenta aprisioná-lo enviando a tropa
dos deuses do trovão. Na fuga, Izanagi apanha três pêssegos e atira-os contra
os perseguidores, que são afugentados pelo seu poder mágico. Ele fecha a
entrada do Mundo dos Mortos com uma pesada rocha que demandaria a força de mil
homens para removê-la. Bastante irada, Izanami roga uma praga, dizendo de trás
da rocha: “Para me vingar de você, matarei por dia, 1 mil homens do seu país!”.
Izanagi retruca: “Então farei com que nasça 1,5 mil crianças por dia!”.
Izanagi purifica o seu corpo maculado
por ter ido até o mundo dos mortos, através de outros relacionamentos. Nessa
ocasião também nasceram muitos deuses. Por último, enquanto ele lavava seu
rosto, do olho esquerdo nasceu a Deusa Amaterasu (a Deusa do Sol) a quem
concede o domínio de Takamagahara e, do olho direito nasce Tsukuyomi-no-mikoto,
a quem concede o domínio da noite, e do nariz nasce Susano-no-mikoto a quem
concede o domínio do mar. Para a Deusa Amaterasu, ele ofereceu um colar feito
de pedras. Com o nascimento desses deuses, que fornecem energia para o sol,
para a lua e para o mar, dando-lhes vida e movimento, iniciam-se as atividades
do universo.
A Deusa Amaterasu é a figura central
e de maior importância na mitologia japonesa. Foi ela quem deu origem à família
imperial. Ela é cultuada no Templo Ise, pertencente à família imperial. Até
antes da Segunda Guerra, os japoneses acalentavam o desejo de visitar o local
menos uma vez na vida. Não por ser o templo da família imperial, mas para rezar
e pedir por uma farta colheita à deusa Amaterasu, fonte da vida, ao Deus da
Água Sarutahiko, e à Deusa dos Cereais, Toyouke.
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