Os ritos de passagem se desenvolvem através de três fases: a
separação, a transição e a incorporação.
Nos ritos de puberdade, onde o indígena deixa de ser considerada
uma “criança” por seu grupo, e passa a ser visto como um adulto, é possível
observar essas três fases de forma mais clara. A criança é retirada da vida
normal da aldeia, passa por um período em que aprende o comportamento adulto, e
por fim volta à aldeia, agora com um novo status.
Nesses ritos de passagem, a criança é separada do convívio social
com a aldeia, quando atinge determinada idade. Esse momento é considerado a
primeira fase do rito. A idade em que a criança é "retirada" da
sociedade varia conforme as diversas etnias.
No caso das meninas, na maioria das vezes essa fase acontece na
época da primeira menstruação. As índias Tikuna; que vivem na fronteira entre
Brasil, Peru e Colômbia; quando percebem a primeira menstruação, entram na
mata, não sem antes deixarem um adorno marcando o local onde se esconderam. De
lá passam a bater dois pedaços de madeira, um contra o outro, até que suas mães
percebam o que está acontecendo e vão ao encontro de suas filhas, para levá-las
para casa onde passarão longas semanas até que saiam de lá novamente.
Para os homens, não há uma idade tão clara. Por exemplo: os indígenas
Xavante, que vivem no cerrado do Mato Grosso, realizam seus ritos de puberdade
uma vez a cada cinco anos. Os meninos saem da casa de seus pais e passam a
viver todos juntos em uma casa comunitária por todo esse tempo, até serem
considerados adultos. Portanto no início da reclusão há desde meninos de 7 a 8
anos, que estarão muito velhos para esperarem o próximo ritual; até
adolescentes de 12 a 13 anos, considerados muito novos no início do ritual
anterior. Entre os indígenas Apinajé, do norte do Tocantins, a separação é
feita quando atinge 15 anos, mais ou
menos. Já entre os Tupinambás, que habitavam a costa do Brasil na época em que
os europeus chegaram aqui, os rituais aconteciam quando o indígena contava mais
ou menos com 25 anos.
A segunda fase dos ritos de passagem, chamada
"transição", corresponde ao período em que o adolescente permanece
afastado da sociedade aprendendo com os mais velhos, o comportamento adequado
aos adultos de seu grupo. Entre as meninas das etnias do Alto Xingu - Mato
Grosso- por exemplo, esse período é próximo a um ano. A menina não sai de um
compartimento separado da casa, longe das vistas dos outros. As meninas Tikuna
permanecem "escondidas" em suas casas por três meses, mas na maior
parte do tempo em silêncio. Normalmente, para todos os grupos indígenas, essa
fase é cercada por cuidados especiais e tabus alimentares. Acredita-se que as
meninas encontram-se fragilizadas e expostas a ataques de espíritos maus.
Entre os homens esse período de transição é muito variado. Como já
dito, ele dura até cinco anos para os Xavante. Já entre os povos Karajá, que
habitam as margens do rio Araguaia, os preparativos para a festa de puberdade
masculina duram cinco meses. Em todos os casos, durante esse período, os homens
aprendem os ritos de sua comunidade, as responsabilidades para com suas futuras
famílias, as atividades de caça, pesca e da guerra.
Por fim, terminado esse aprendizado da fase de transição, há um
ritual de incorporação. O menino ou a menina já são considerados aptos a
assumirem o papel de adultos. Eles são recebidos de volta à sociedade, mas
agora é como se entrassem num outro "quarto da casa", seguindo a
analogia de van Gennep.
O ritual de incorporação é geralmente bastante festivo, mas cada
etnia tem sua própria forma de comemorar. Em alguns desses ritos, os
"novos" adultos são obrigados a passar por momentos de dor.
Os indígenas Sateré-Mawé - que habitam a região entre os rios
Madeira e Tapajós, na floresta amazônica - preparam uma luva cheia de grandes
formigas chamadas Tocandiras. Os jovens Sateré-Mawé vestem essas luvas e são
picados pelas formigas, mas não podem demonstrar dor, ou serão considerados
homens fracos.
Já as índigenas Tikuna são recebidas com uma grande festa, chamada
"Festa da Moça Nova", onde homens vestidos com fantasias
representando diversos espíritos da floresta, dançam e cantam por dias a fio.
Ao fim da festa porém, as mulheres mais velhas arrancam os cabelos das mais
novas.
Máscara de "Festa da Moça Nova",
feita pelos índios Ticuna
Para saber mais:
- Rituais Indígenas Brasileiros ; organizado por Silvia M. S. Carvalho
- Tukuna Maidens Come of Age ; artigo escrito por Harald Schultz ; publicado na
revista "The National Geographic Magazine", em 1959
Fonte: http://www.iande.art.br/arteindigena.htm
Fonte: http://www.iande.art.br/arteindigena.htm
OBS: Este texto tem como função subsidiar o aprofundamento teórico do/a docente. Ele auxiliará o processo de pesquisa. A informação que não se sabe e precisa saber. O mesmo não tem uma linguagem adequada para ser utilizado com os estudantes do 1º ao 5º anos.
Devemos lembrar que os textos utilizados em sala de aula, com os nossos estudantes devem ter linguagem própria de acordo com a faixa etária, o ano trabalhado e para cada conteúdo abordado.
O texto informativo é uma produção textual com informação sobre um determinado assunto, que tem como objetivo esclarecer uma pessoa ou conjunto de pessoas sobre essa matéria.
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