27 de janeiro de 2016

MITO DA CRIAÇÃO DO BEIJA-FLOR E OUTROS MITOS

Esta atividade foi realizada com os alunos do 4º ano, Inicialmente contei a eles o mito:

A Mulher que virou beija-flor para libertar sua filhinha 

Coaciaba era uma jovem índia1, esbelta e de rara beleza. Ficava viúva muito cedo, pois seu marido, valente guerreiro, tombara sob uma flecha inimiga. Cuidava com extremo carinho da única filhinha, Guanambi. Para aliviar a saudade interminável do marido, passeava, quando podia, pelas margens do rio, vendo as borboletas, ou na campina, perto do roçado, onde também esvoaçavam os mais diferentes passarinhos e insetos.  

De tanta tristeza, Coaciaba acabou morrendo. Não se morre só de doença ou por velhice. Morre-se também por saudade da pessoa amada.  

Guanambi, a filha, ficou totalmente sozinha. Inconsolável, chorava muito, especialmente, nas horas em que sua mãe costumava levá-la para passear.  

Mesmo pequena, só queria visitar o túmulo da mãe. Não queria mais viver. Pedia aos espíritos que viessem buscá-la e a levassem lá onde estivesse sua mãe.  

De tanta tristeza, Guanambi foi definhando dia a dia, até que morreu também. Os parentes ficaram penalizados com tanta desgraça, sobrevindo sobre a mesma família. Mas, curiosamente, seu espírito não virou borboleta como o dos demais índios2 da tribo. Ficou aprisionado dentro de uma linda flor, pertinho da sepultura da mãe. Assim podia ficar junto com a mãe, como havia pedido aos espíritos.  

A mãe Coaciaba, cujo espírito fora transformado em borboleta, esvoaçava de flor em flor, sugando néctar para se fortalecer e encetar sua viagem ao céu.  

Certo dia, ao entardecer, ziguezagueando de flor em flor, pousou sobre a linda flor lilás. Ao sugar o néctar, ouviu um chorinho triste. Seu coração estremeceu e quase desfaleceu de emoção. Reconheceu dentro da flor a vozinha da filha querida, Guanambi. Como poderia estar aprisionada ali?  

Refez-se da emoção e disse:  

__ Filha querida, mamãe está aqui com você. Fique tranquila que vou libertá-la para juntas voarmos para o céu.  

Mas deu-se logo conta de que era uma levíssima borboleta e que não teria forças para abrir as pétalas, romper a flor e libertar a filhinha querida. Recolhe-se, então, a um canto e, em lágrimas, suplicou ao Grande Espírito e a todos os outros ancestrais da tribo3 

__ Por amor ao meu marido, valente guerreiro, morto em defesa dos irmãos e das irmãs, por compaixão da minha filha órfã, Guanambi, presa no coração da flor lilás, eu vos imploro, Espírito benfazejo e a vós todos, anciãos de nossa tribo4: transformem-me num passarinho veloz e ágil, dotado de um bico pontiagudo, para romper a flor lilás e libertar a minha querida filhinha.  

Tanta foi a compaixão despertada por Coaciaba que o Espírito criador e os anciãos da tribo atenderam, sem delongas, a sua súplica. Transformaram-na num belíssimo beija-flor. Sussurrou, com voz carregada de enternecimento:  

__ Filhinha, sou eu, sua mãe. Não se assuste. Fui transformada num beija-flor para vir libertá-la.  

Com o bico pontiagudo, foi tirando com sumo cuidado, pétala por pétala, até abrir o coração da flor. Lá estava Guanambi sorridente, estendendo os bracinhos em direção da mãe. Purificadas, voaram alto, cada vez mais alto, até chegarem juntas até o céu.  

Desde então entre indígenas amazônicos introduziu-se o seguinte costume: sempre que morre uma criança órfã, seu corpinho é coberto de lindas flores lilases, como se estivesse dentro de uma grande flor, na certeza de que a mãe, na forma de um beija-flor, virá buscá-la para, abraçadas, voarem juntas pelo céu, onde estarão juntas e felizes.



Conversamos sobre de que se trata este texto;
De que povo ele conta a história;
O que aconteceu com a Coaciaba;
Quem é Guanambi?
O que acontecia com cada pessoa que morria?
Como se sentiu a filha, após a morte da sua mãe?
Como mãe e filha se reencontraram?

Os estudantes questionaram sobre este mito ser ou não verdade, expliquei a eles que para este povo indígena, esta é uma explicação para o surgimento do beija-flor. Logo após os alunos sentiram necessidade de contar o que acontece com os seus entes queridos quando falecem e no que acreditam que acontece após a morte. 

Cada aluno ganhou uma flor, com uma imagem de uma indígena criança sem a expressão facial (boca) para completar no centro, um beija-flor, uma folha de papel sulfite para que fizessem o caule e as folha da planta.

https://br.pinterest.com/pin/735494182869422062/



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Depois que cada um pintou os seus desenhos, recortaram e colaram no mural da escola, para ficar exposto, para que todos os estudantes, funcionários e professoras da escola pudessem conhecer um pouco mais sobre este mito indígena.

 Não coloquei mas a imagem da borboleta também pode ser explorada.

Vimos nesta aula e em outras desde o 1º ano que trabalho com esta turma, que a tradição indígena tem a natureza como o seu Sagrado.
Então entreguei solicitei aos estudantes que em grupo recriassem um Lugar Sagrado indígena. Cada grupo ganhou uma imagem de:
árvore; cachoeira, animal, corpos celestes, flor; depois pintaram, recortaram e montaram o Lugar Sagrado.


 Este material foi para a exposição na escola.







Em seguida conhecemos outras formas do povo indígena Guarani explicar a origem de alguns elementos.

Os textos trabalhados foram:


Mito da Criação - Tupã, com a ajuda da deusa Araci, haveria descido à terra em um monte da região do Aregúa (Paraguai) e deste local, haveria criado tudo que existe (mares, florestas, animais, etc) e colocado as estrelas no céu.

Mito dos Primeiros Humanos - Os primeiros humanos criados por Tupã teriam sido Rupave (O pai dos povos) e Sypave (a mãe dos povos) e estes teriam dado origem a um grande número de filhas e a três filhos, chamados Tumé Arandú (o sábio), Marangatu (o líder generoso) e Japeusá (mentiroso), este último era ladrão e trapaceiro e teria se suicidado, porém foi ressuscitado como um caranguejo, e deste então todos os caranguejos foram amaldiçoados para andar para trás como Japeusá.

 Mito da criação da Noite - Segundo esta lenda, nas aldeias de todo o mundo, era sempre dia, e os índios nunca paravam de caçar, e as mulheres de limpar e cozinhar. O sol ia do leste ao oeste e depois fazia o caminho contrário, do oeste ao leste, sempre sem nunca desaparecer. Um dia, porém, quando Tupã havia saído para caçar, um homem tocou no frágil Sol para saber como funciona, e o Sol se quebrou em mil pedaços. A partir de então, as trevas reinaram nas aldeias. Tupã, então, inconformado, recriou o Sol, mas este não voltava mais do oeste para o Leste, então Tupã criou a Lua e as estrelas para iluminar a noite

 Avati - É herói Guarani. Em uma época de grande fome, dois guerreiros procuravam algo o que comer quando depararam-se com um enviado de Nhandeiara - o grande espírito. Este disse-lhes que a solução para a sua procura inútil seria uma luta de morte entre os dois. O vencido seria sepultado no local em que caísse e logo do seu corpo brotaria uma planta cujas sementes, replantadas e depois comidas resolveriam para sempre o problema com alimentação. Assim fizeram. Avati, um dos dois, foi morto e de sua cova nasceu a planta de milho.



Vitória-régia (ou mumuru) – a estrela dos lagos Maraí era uma jovem e bela índia, que amava muito a natureza e tinha o hábito de contemplar chegada da Lua e das estrelas. Nasceu nela, então, um forte desejo de se tornar uma estrela. Perguntou ao pai como surgiam aqueles pontinhos brilhantes no céu e, com grande alegria, soube que Jacy, a Lua, ouvia os desejos das moças e, ao se esconder atrás das montanhas, transformava-as em estrelas. Muitos dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Maraí resolveu, então, aguardar a chegada da Lua junto aos peixes do lago. Assim que ela apareceu, Maraí, encantada com sua imagem refletida na água, foi sendo atraída para dentro do lago, de onde nunca mais voltou. A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu. Jacy transformou-a em uma bela planta aquática, que recebeu o nome de vitória-régia (ou mumuru), a estrela dos lagos.

E trabalhando com os mesmos grupos que haviam realizado a atividade anterior, fizeram a leitura e dividiram as tarefas para confeccionar a maquete do mito escolhido. Um grupo não sabia o que outro grupo estava fazendo.



OBS: Nesta aula a Gerente de Currículo da SME de Curitiba, Elizabeth Cristina e o mestrando de Bogotá Davi estiveram presente para vivenciar a experiência realizada e aplicação dos conteúdos de Ensino Religioso.

Para que a maquete fosse feita, cada grupo ganhou um prato de papelão e uma caixa de massa de modelar, poderiam utilizar-se de lápis de cor ou giz de cera para fazer o fundo se assim fosse necessário.

Como cada grupo ganhou um mito após realizarem a atividade, confeccionando a maquete teriam que apresentar para os demais grupos. Contar como fizeram e o que o mito explicava.








Este trabalho foi fantástico, os alunos adoraram conhecer mais sobre a tradição indígena.

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